Fortaleza. A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce) já manifesta preocupação com Municípios que despontam para entrar em colapso no fornecimento de água tratada.
Ao todo, são 11 reservatórios que apresentam níveis de capacidade de água abaixo de 20% e mais 12 com total de reservas inferior a 30%. Incluindo o açude de Boqueirão em Tejuçuoca com 21,91 % de sua capacidade total.
Esses percentuais deverão diminuir até começo da próxima estação chuvosa, pela falta de chuvas, aumento da evaporação e, sobretudo, no atendimento da demanda.
O coordenador de Saneamento Básico da Arce, Alceu Galvão, disse que está examinando relatório enviado na terça-feira passada pela Companhia de Águas e Esgotos do Ceará (Cagece), que apresentam as áreas onde há menor oferta hídrica para tratamento de água.
"Apesar da Região Metropolitana apresentar uma situação mais favorável, há vários Municípios que despontam para o colapso no fornecimento de água, por conta das baixas reservas de seus açudes", disse Alceu.
A situação mais crítica envolve os Municípios de Tauá e Baixio, onde as reservas dos açudes estão a baixo dos 12%. Atualmente, a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) estima um acúmulo de 64% da capacidade, com uma perda de, pelo menos, 1% a cada mês. Esse percentual corresponde a 1,6 bilhão de metros cúbicos de água.
Gravidade
A situação mais grave envolve os reservatórios, com níveis inferiores a 20% nas cidades de Irauçuba, Canindé, Quixeramobim, Quixadá, Tauá, Quiterianópolis, Pereiro, Baixio e Mauriti. Com estes, somam o total de 23 cidades, incluindo os açudes com capacidade entre 20% e 30%. Além destes, existem mais 18, com capacidade inferior a 40%. São eles: Patos, em Martinópole; Patos, Sobral; Penedo, Maranguape; Riachão e Pacoti, em Itaitinga; Castro, Itapiúna; Farias de Sousa, Novas Russas; Carão, Tamboril; Barra Velha e Jaburu, Independência; Jatobá, Milhã; For do Campo, em Novo Oriente; Trici, Tauá; Fae, Quixelô; Do Coronel, Antonina do Norte; Poço de Pedra, Campos Sales; e também Manuel Balbino, em Juazeiro do Norte.
Região Metropolitana
Apesar de afirmar que a situação na Região Metropolitana é mais confortável do que nos demais Municípios cearenses, a Arce está atenta com relação a problemas relacionados à qualidade da água e a pressão, que são avaliados independentemente da qualidade da quadra chuvosa.
Ele explica que esse padrão de qualidade é o que pode levar em consideração a elevação das tarifas, que são pleiteadas pelas operadoras.
Ainda esta semana, dois Municípios da Região Metropolitana estão sendo vistoriados pelos técnicos da Arce, que são a Guaiuba e Maranguape.
Alceu Galvão lembra que essas fiscalizações são previstas por lei federal, de Nº 11.445, de 2007, que obriga o Estado a realizar inspeção em aspectos de saneamento básico.
Além da água, a Arce tem atribuição de verificar também as questões de esgotamento sanitário e destino final dos resíduos sólidos, que, na grande maioria das cidades cearenses, são encaminhados para lixões.
No caso da água, essa não é avaliada apenas no aspecto bruto, mas sim no seu tratamento, de forma que não possa transmitir doenças para as populações.
"Quando falamos em inspeção de saneamento básico, nos restringimos mais às questões de água tratada e esgoto, porque, na verdade, o destino dos resíduos sólidos leva a um problema parecido com o da terra arrasada", disse Alceu.
Segundo Alceu Galvão, a função da Arce é verificar a qualidade desses serviços e corrigí-los, conforme a necessidade. Nesse sentido, lembra que houve uma melhora considerável no abastecimento de água em Caucaia, que até recentemente conta com um sistema precário na água tratada, particularmente no tocante à pressão.
Fiscalização
O coordenador de Saneamento Básico da Arce afirma que, no total, oito Municípios do Ceará deverão ser fiscalizados pela agência durante o mês de julho, com o objetivo de verificar as condições e a qualidade dos serviços prestados pela Cagece.
Com isso, técnicos da Coordenadoria de Saneamento Básico da farão visitas este mês aos Municípios de Guaiuba, Maranguape, Beberibe, Aracati, São Gonçalo do Amarante, Pentecoste, Aurora e Barro, com o objetivo de verificar as condições e a qualidade dos serviços prestados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
Observação
Durante a fiscalização, a Arce deverá observar o cumprimento de aspectos que envolvem a produção, tratamento, adução e distribuição, além do controle e qualidade da água.
Guaiuba receberá a visita dos técnicos no período de 2 a 6 de julho, quando terá o Sistema de Abastecimento de Água fiscalizado. Na mesma semana, Maranguape receberá a visita dos técnicos para verificação do Sistema de Esgotamento Sanitário.
Já no período de nove a 13 de julho, os sistemas fiscalizados serão os das cidades de Beberibe e Aracati, enquanto os Municípios de São Gonçalo do Amarante e Pentecoste passarão pelo processo no período de 16 a 20. A programação será encerrada com os trabalhos em Aurora e Barro, dias 23, 24, 25, 26 e 27 de julho.
O trabalho de fiscalização envolve inspeções de campo, levantamento e avaliações documentais, obtenção e análise de informações de dados gerais da área técnica e, ainda, identificação e referência de ocorrências operacionais do órgão responsável.
FIQUE POR DENTRO
Estiagem comprometeu abastecimento
Desde a construção do Castanhão, tem aumentado a convicção de que o Ceará aguenta dois anos seguidos de estiagem. Essa previsão já foi apregoada pela Cogerh, mas não antes do resultado da quadra chuvosa este ano, considerada como uma das piores já registradas no Estado.
Ao todo, o Ceará pode comportar 10,9 bilhões de metros cúbicos nos 132 açudes monitorados pela Cogerh em todo o Estado. A marca atual representa um pouco mais da metade, mas levando em consideração a média. Mas há problemas no Sertão Central, no Maciço do Baturité e, sobretudo, nos Inhamuns.
Embora a Cagece alegue que não há colapso no fornecimento no momento, a ressalta é que já Municípios com sinal de alerta, como é o caso de Quiterianópolis.
O fato é que a seca deste ano, para as autoridades, não significaram apenas em perdas significativas na programação agrícola e pecuária, mas compromete também o abastecimento humano. Isso não representa apenas na diminuição da oferta, mas também na qualidade da água, que deve estão dentro dos padrões de potabilidade para consumo das populações cearenses.
Mais informações:
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Adualdo Batista, 1550 - Parque Iracema, Fortaleza/CE
Telefone: (85) 3218.7020
Cagece vê quadro crítico em 25 cidades
Fortaleza Embora afirme que não há ainda um quadro de colapso no fornecimento de água, a Companhia de Águas e Esgotos do Ceará (Cagece) verifica um quadro crítico em 25 Municípios cearenses. O problema mais grave é em Quiterianópolis, no Sertão Central, Beberibe, no Litoral Leste, e nos Municípios localizados no Maciço do Baturité, especialmente Pacoti e Palmácia.
O diretor operacional da Cagece, André Facó, explica que a expectativa de colapso não leva em conta apenas a questão da relação oferta e demanda hídrica. Ele ressalta que há um peso bem relevante no que diz respeito à qualidade da água.
"Aqui não consideramos apenas os níveis de recarga dos reservatórios. Vamos considerar também que qualidade de água está sendo fornecida para a população, de forma que a potabilidade não fique comprometida", afirmou André Facó.
Ele disse que o relatório sobre o potencial hídrico foi encaminhado para Arce e levados em consideração todos os fatores que norteiam a parte operacional da água tratada.
Na sua avaliação, a baixa recarga influi na piora da qualidade da água e isso deve ser explicitado nos relatórios.
Para André Facó, a situação de dificuldades tem razões diversas. Além das regiões que dependem do acúmulo de água nos açudes, há aqueles que são abastecidos por poços subterrâneos. No primeiro caso, cita o caso de Quiterianópolis, que foi o primeiro Município a apresentar um alerta para as autoridades.
O segundo caso tem relação com as cidades instaladas no Maciço do Baturité, onde as populações têm uma dependência muito forte dos poços subterrâneos. Andre Facó explica que, como não houve uma estação chuvosa que desse recarga a esses poços, já há situações preocupantes em regiões de Pacoti e Palmácia. O quadro é menos grave na Ibiapaba, conforme explicou, em vista do sistema integrado que abastece a região. Mesmo assim, há casos pontuais do fornecimento ficar interrompido por alguns momentos naquela região.
No caso da Região Metropolitana de Fortaleza, lembra que há uma reserva considerável no sistema Pacoti-Riachão-Gavião. Este vem sendo suprido ainda pelo Canal da Integração e do Trabalhador. A água provém do Açude Castanhão, que tem por finalidade abastecer especialmente a Capital e os Municípios do entorno, como os da Região Metropolitana de Fortaleza.
Para monitorar a qualidade da água na rede de distribuição dos sistemas da Cagece, a Companhia realiza a cada duas horas testes feitos desde a água bruta até a chegada nas residências, passando pelas diversas etapas de tratamento.
Com estas análises feitas rotineiramente, a Cagece assegura aos seus clientes a possibilidade de beber água diretamente da torneira sem nenhum problema. Sete parâmetros são analisados todos os dias: cloro residual livre, turbidez, cor, flúor, coliformes totais, escherichia coli e O2 consumido, este último analisado a cada quatro horas.
E semanalmente, cinco análises são feitas, analisando a alcalinidade, dureza, cloretos, alumínio residual e ferro. A Companhia utiliza pontos estratégicos para colher a água bruta e realizar os testes.
São mais de 16 mil pontos espalhados somente na Região Metropolitana e outros diversos pontos no Interior, onde são coletadas amostras proporcionais ao número de pessoas atendidas pela Cagece em cada área.
Alguns locais como clínicas de hemodiálise, hospitais, asilos, creches, escolas e pontos de baixa pressão são classificados como prioridade para amostragem e análise da água por serem locais onde há grande circulação de pessoas.
Exames
165 laboratórios são utilizados pela Cagece para avaliar o nível de qualidade da água, que passa do estado bruto para o estágio de tratamento nas estações.
MARCUS PEIXOTO
REPÓRTE
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